Inocência Zero





“você é menino ou menina?” Disse a pequena garotinha intrigada no ônibus ao ver o cabelo amarrado.
“sou menino” Respondi atentamente no pensamento de que aquela havia sido uma das perguntas mais inocentes que já me fizeram.

É triste rever conceitos antigos condizentes com o que consideramos correto e comparar com a verdade. Este não é mais um mundo de crianças.
Aquela garota provavelmente terá um conceito bem desenvolvido sobre sexualidade, por exemplo, dentro de dois ou três anos.
No que transformamos a inocência?
A doentia vontade de viver a infância de cada vez mais pessoas se explica quando você para e analisa o fato de adquirirmos consciência adulta realmente muito cedo.
As coisas não acontecem apenas por ordem natural ou influencias exteriores, a própria curiosidade humana completa a equação. Embora não seja a grande culpada.
É mais ou menos o que acontece ao se pegar uma nascente de rio e canalizá-la direto para o mar. Tanto o rio quanto o percurso que ele percorreria naturalmente perdem beneficio com isso, é como se tudo fosse feito com a aplicação da filosofia: “direto ao ponto”.
O mundo adota maleficamente o uso da bomba de informações quando o assunto associa conhecimento excessivo e infância. Todos costumam achar que devemos ensinar sobre sexo para crianças pra que todas se preparem para o Mundo.
Por que pensamos e fazemos isso? Porque é fácil.
Mudar o mundo pra que possam desfrutar da sua inocência sem problemas é muito complicado e o ser humano não tem o costume de aceitar grandes desafios. Todos têm uma segunda opinião ou opção quando algo se mostra difícil demais.
Isso tudo só resulta numa quantidade crescente de crianças de oito e dez anos que se preocupam mais com política, violência, drogas e sexo do que propriamente o fato de ser criança.
Informações demais nos momentos errados da vida tiram uma liberdade demasiadamente preciosa e única. São as águas passadas do amanhã que elas estão perdendo de uma forma irrecuperável, existem coisas que só servem pra ser vividas em determinada época.
Existe muita gente que consegue ser criança mesmo quando adulto e viver numa eterna brincadeira, mas ninguém tem segunda chance pra viver uma inocência.

Bom te Ver




No gargalo do desespero e dos desejos enfim te encontro.
Numa doçura promiscua tomo teus lábios em puro veneno e superficialidade. Desejo-te mais que tudo.
O jogo de braços e mãos espertas me tira o senso do vulgar e impregna o doce forte do teu cheiro nas minhas roupas. Roupas que querem logo saltar e desertar o corpo que queima como lava.
Em meio a sussurros e caricias nervosas que não me deixam abrir os olhos sinto-lhe a boca nos ouvidos. Carne sensível que perfuras com a língua e o ar quente dos pulmões..., você me conhece bem..., sua...
Arranca-me um aperto nas roupas e um som de prazer na sua brincadeira, agora já sabe que sou quase seu.
O coração mistura tudo numa forte adrenalina que corre tão ardentemente nas veias a ponto de se sentir. Cada membro do corpo reage de uma forma de tal maneira a fazer-me notar que não tenho controle de mais nada.
Num movimento sutil entre o rápido e o maldoso me crava as unhas nos ombros. Só consigo expressar minha suplica num ardente beijo que corre enquanto desliza tuas mãos pelo meu corpo.
O fogo da pele já não suporta mais os panos. Suas mãos vêem como lagartos pegajosos e tiram-me lentamente a camisa enquanto desabotôo o ultimo dos quatro botões da sua blusa.
A repulsão dos panos logo dá lugar ao desejo incontrolável de manter em contato o quente das nossas peles.
Quente que aconchega;
que dá prazer;
que excita;
e que faz o maldito favor de me acordar num infernal calor de quarenta graus em plenas sete horas de domingo.

Amor impuro sem sentido que me aquece num fogo mortal de desejo. Bom te ver.