Estradas de Neve

O tempo passou demais e não conseguiu passar...
Deixou tudo inquieto, se mexendo e reaparecendo nessa incerteza de existir, se foi e continuou aqui, num silêncio cheio de palavras.
Seria tão fácil se o ar fosse menos frio, a lua menos bela, a brisa menos densa e as vozes não existissem..., se o álcool não viesse visitar quando era chamado...
Veio cheio de braços e abraços e perguntas..., e caixas de respostas, todas bem guardadas ou simplesmente inexistentes..., só foi sempre tudo crível.
Foi-se o tempo, o álcool, os algos e odores e a noite... agora durmo.
A certeza da certeza fica vaga com o tempo..., mesmo o tempo deixando tudo de lado e indo viver o seu tempo, com todos os outros relógios e ponteiros e palavras pois eles falam, abraçam e se beijam mas não se amam.
Fingiria até rezar se conseguisse me ver nos sonhos. Algos intocáveis, feitos de sentimentos e sensações..., que trazem sensações e levam pro frio no fim do mês..., ou no domingo, e me deixam aqui... esperando uma brisa que não virá.
Sem a razão me resolvo, só sem ela..., sem essa adaga que crava em cada membro e manda impulsos lógicos pra cada parte do meu corpo e me faz perder de novo o que tinha encontrado..., algo que quase não lembro, mas ainda lembro, e sinto.
Só queria deixar a direção, dar aos fantasmas e os deixar falarem. Parar de calar os pulsos que gritam e esconder as moedas de quem procura. Só queria ir pra lá, levar o tempo, encontrar as sensações e os sentimentos e abraçar, e sentir o cheiro da neve na estrada.

Um comentário:

MaNa disse...

A sensação de que perdi o agora , que o tempo tragou o momento, assim como a alma pereceu no abandono do ser racional, deixou-me fraca por um minuto, antes de perceber que tinha deixado passar o mesmo minuto de um segundo atrás.

Amei seu texto.