Obviedades Incertas





...definitivamente o fim do tempo que tanto temia já se passou há muito tempo.

Quando não se tem mais apegos sólidos, não se tem mais apegos ilusórios..., a mente decai por uma planície de bocejos vazios sem visão de futuro e sobrevive apenas em uma única indagação que consiste em saber o momento exato em que tudo acaba.
Começa a parecer uma atitude pretensiosa dar uma “mãozinha” pra que o fim chegue..., até a hora em que a mente titubeia. As dores da certeza que pairam sobre o peito agora são mais instáveis que os giros incertos de uma dançarina sobre seus próprios pés...

..., as pessoas conseguem sanar sempre “quase” todas as dores.

Como se tudo fosse insólito, como se toda aquela cena fosse pura imaginação, como se talvez nem cena houvesse..., como se talvez tudo fosse fruto de um sonho imerso em neblina tão densa e pegajosa quanto a melodia que viera ao fundo..., tudo sem memórias, apenas som e um sentimento abrasivo de tristeza perante o espaço vazio.

..., haverá enfim o momento em que só se terá o espaço a contemplar.

Então em meio a incerteza da obviedade se tem sussurros de lucidez..., algumas coisas que nem sempre fazem sentido são postas como uma mistura em equilíbrio delicado de ternura e dor que fere gradualmente a cada pensamento correto sobre a realidade...
... a verdade é que agora estou só...

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