O Inferno








Mil desculpas aos que esperam aqui mais um texto reflexivo ou filosófico. Há um bom tempo não escrevo por falta de tempo e inspiração mesmo, porém..., hoje fui numa balada.

Há cerca de uma semana já tinha me decidido a ir de fato nesse evento social tão aclamado pelo público jovem. Não estava nem um pouco confortável com a idéia devido ao meu grande azar em festas de qualquer gênero.
O dia chegou e apesar da falta de dinheiro, a tensão, mal estar, frio congelante e a grande probabilidade de brigar com a minha namorada, eu fui.
Chegando de carro ao local do evento já se era possível notar uma movimentação extremamente alvoroçada mesmo sem ter visão em si do estabelecimento. Alguns metros além e ao contornar aquela divina esquina, lá estava: “A visão do Inferno”.
Eram aproximadamente quinhentas pessoas num emaranhado humano tão impossível de se descrever quanto de se observar. Um som forte com pancadas vindas direto do inferno abraçavam a cena num louvor de futilidade imensurável.
Pessoas dançavam, pulavam e faziam passos esquisitos enquanto eram observadas por outros que apreciavam cada gesto como se fossem ‘os pagãos’ e os dançarinos ‘os Deuses’.
Outros lutavam pra conquistar uma boca disposta a emprestar a língua pra que pudesse ser gozada numa troca fútil e descarada de prazer sem compromisso. A dificuldade definitivamente era algo da imaginação, a competição no ringue da futilidade era de quantidade onde o caráter e o ego eram medidos pela quantidade de pessoas que se conseguia beijar.
Uma fila com dois metros de largura e vinte de comprimento se espremia por uma rampa em ziguezague comportando os baladeiros. As conversas que se podia escutar eram dos mais incríveis e variados assuntos.
Regado a um belo “esmaga - esmaga”, fumaça de cigarro e outros odores desagradáveis podia-se escutar os grandes planos e comentários sobre o evento que ocorria no estabelecimento:

“hoje eu vou pegar umas onze, porque onze é o meu numero de sorte”
“quero passar a mão em pelo menos três calcinhas hoje”
“olha aquela loira gostosa, ela é da minha escola, mas não é gostosa lá, vou pegar ela hoje”
“quero levar uma gostosa pra casa hoje”

A única indagação mental minha naquele momento era a seguinte: “onde deixei minha inteligência?” Foi um momento onde o grosso da palavra descrevia: “Pagar pra se Foder”, e eu estava ali fazendo valer cada letra.
Em quarenta e cinco minutos me movimentei por quase oito metros (o que pode ser considerado grandioso).
O tempo continuou a passar e uma estranha sensação já conhecida de mal estar começou a me tomar num gole que se dividia em fúria e desespero. Fúria que me faria matar a todos ali e o desespero que mataria a mim, mas um fio de sobriedade ainda restava em mim e com a maior força que se era possível ter eu apertei cada sentimento hostil. O que me dava um mal presságio sobre meu bem estar que estava se esvaindo mais e mais a cada segundo que se passava.
O êxtase se deu quando não pude mais mover um único músculo sequer, só haviam vozes, risos, batidas fortes, gritos e o único lugar para o qual eu podia olhar que me trazia alguma paz era o negro do céu sem estrelas da noite. Eu cheguei ao extremo.
Deus nunca me pareceu ser um cara muito chegado em baladas, mas por alguma intervenção divina ou algum acaso do demônio, minha namorada e nossa amiga decidiram que estava lotado demais e a noite dificilmente seria boa.
Mesmo já tendo ultrapassado meus limites psicológicos e físicos, ainda relutei por ficar e manter minha palavra de acompanhar-la numa noite na balada, mas elas insistiram por duas ou três vezes o que fez a mim e ao namorado da sua amiga desistirem imediatamente da luta pela entrada.
É difícil descrever qualquer sentimento ou pensamento que tenha se passado pela minha cabeça nessa noite sem citar a palavra inferno.
As pessoas passam a vida toda pensando se vão para o céu ou o inferno quando morrerem, mas mal sabem elas que ao menos para o inferno pode-se ir nos finais de semanas por bagatelas que variam de quinze a trezentos reais.

“da próxima vez não haverá desculpas, terei de entrar”

5 comentários:

Jéssica Lane disse...

saushaushuahsuahushauhs... legal o jeito poético com que você tratou essa porcaria chamada "Balada". Realmente - um inferno cheio de pessoas fúteis onde nada mais querem do que beber e tranzar...(lixo!) Mas neah... é a vida... =P

V i h disse...

UAHSuAShUAHsuHAUShAUhsuA

Respira piloto... Pq vc ainda naum foi em rave (q consegue ser mais assustadora)

E qm normalmente gosta disso, é pq sente adrenalina naquele cheiro de fumaça q a minha rinite não acha graça e adora o som alto e as luzes...
(ou seja, não posso me manifestar, por preferir ficar em casa)
uAHSuHAUSHAUSHAUShUAs

Beeeijooos e... boa sorte na próxima ;x

C. Beccari disse...

HAHA, eu estava lá.. e, definitivamente, você está totalmente certo!

Anônimo disse...

tudo essas coisas q vc escreve eu axo gay

Anônimo disse...

Olha, meu gosto é gosto se você não gosta de um certo tipo de evento não existe problema nenhum, mas nem por isso você tem o direito de sair julgando a festa e quem frequenta a mesma. Mas enfim, você expressou a sua opinião e eu não posso recimina-lo por isso também. Mas sinceramente eu fico mais pasmo ainda quando leio comentários como esses aqui em cima
"...m inferno cheio de pessoas fúteis onde nada mais querem do que beber e tranzar..." , "...Pq vc ainda naum foi em rave (q consegue ser mais assustadora)
E qm normalmente gosta disso, é pq sente adrenalina naquele cheiro de fumaça ..." , olha acho que todos aqui deveriam rever os seus conceitos e não sair falando do que não conhece, preconceito é coisa de gente HIPÓCRITA. Pensem bem nisso!